Por R$ 1 é possível comprar, no Ver-o-Peso, mercado a céu aberto em Belém (PA), o maço de uma verdura rica em elementos que subsidiam a culinária, a farmácia e a cosmetologia. Sim, o jambu é tudo isso e muito mais! A planta é conhecida por uma característica muito própria: basta mastigar algumas folhinhas in natura para sentir dormência na língua, céu da boca e lábios. A sensação também é refrescante, mais uma aliada contra o calorão do Pará.
O agrião-do-pará, jambu-açu ou agrião-do-brasil é planta autóctone da América do Sul e, aqui no país, típica da região norte. De folhas arredondadas e com coloração verde escura, a variedade mais comum, a Spilanthes oleracea, é uma que produz flores amareladas em formato de bolinhas. É verdura que produz mais no mês de agosto, embora hoje em dia já seja possível encontrá-la em todas as épocas do ano.
Na culinária, os dados mais antigos, do século XVIII, já registram as produções de pato no tucupi (ave assada banhada com caldo extraído da mandioca, mais jambu) e do tacacá (sopa quente feita do tucupi, goma, camarões secos e jambu), as mais tradicionais da cozinha paraense. Eram comidas de festas, como do famoso Círio de Nazaré.
Mas foi a partir dos anos 2000, que seu uso foi expandido para outras preparações. O chef Paulo Martins (1946-2010), do restaurante Lá em Casa e criador do Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, criou muitos pratos a partir do jambu e foi um dos principais responsáveis pela disseminação dele para outras partes do cardápio. O arroz com jambu é de sua autoria, por exemplo. Hoje em dia já existe pizza e até hambúrguer com a verdura (o jamburguer!). Também ganhou espaço no bar: já existem o licor e a cachaça. Nas áreas rurais, o jambu é macerado e, após infusão, vira remédio para dores de garganta.
Por suas ricas propriedades, o jambu poderia ganhar o mesmo espaço que o açaí conquistou nos últimos anos, mais seria preciso aumentar e padronizar a produção que hoje é feita por pequenos produtores nos arredores de Belém.
Encontrei muitas outras informações curiosíssimas sobre a verdura em artigo científico assinado por agrônomos ligados à Embrapa Amazônia Oriental e à Universidade Federal Rural da Amazônia. Fica a dica de leitura!
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Vi um “Que Marravilha!” que um cara dava uma receita de arroz com taioba. Estou louca pra reproduzir em casa, mas a versão do convidado, não a do Claude http://gnt.globo.com/quemarravilha/episodios/_454763.shtml